amores expressos, blog da Adriana

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Rayuela, céu, inferno



Fica a uma quadra da minha rua, o Cemitério de Montparnasse. O tempo estava bonito de manhã.
Consegui ver algumas pessoas que estava procurando. Ionesco, Tristan Tzara, Cortázar e Carol Dunlop (com um belo cronópio - será um cronópio? - encimando o túmulo), Sartre e Simone, Marguerite Duras.
Não encontrei Man Ray e Jean-Pierre Rampal, que por algum motivo se enconderam de mim.
No túmulo super simples de Sartre e Simone, o céu já estava fechando. Trovoadas. Bastou andar uns cem metros até Marguerite Duras e caiu um verdadeiro temporal. Granizo. Vento frio.
Descobri que meu guarda-chuva tem goteiras. Voltei correndo pra casa me devendo uma outra visita em busca de Baudelaire, Saint Saëns, Maupassant, Cioran, Beckett, Brancusi, Susan Sontag.
Cheguei em casa ensopada da cintura aos pés, troquei de roupa, coloquei a calça jeans na máquina. Passados dez minutos, se tanto, o tempo abriu de novo. Um sol lindo. Um céu inteiramente azul.


Há um pouquinho de rayuela em tudo isso. Eu já devia saber. "Podemos saltar del cielo a la tierra en unos instantes o en una eternidad."
Mas acho que hoje será feita la vuelta al día en ochenta mundos. Ça commence à l'enfer, claro.