amores expressos, blog da Adriana

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Largo

Cinza e branco do céu, o vento mexendo com as plantas que nascem no telhado.
O caminhão de lixo passa: estardalhaço de vidro.
Mas há um silêncio dentro de tudo isso. Como há um tempo distendido dentro da pressa desta cidade.
As pessoas se esbarram nas ruas. Os túneis de metrô carregam gente num movimento presto. Os pés das pessoas as carregam pelos túneis de metrô num movimento presto. Mas existe a pausa. Existe o assobio. O tempo largo, suave, cantabile, dentro do corpo da cidade. Um órgão que pulsa tranqüilidade.
Mãos frias, o ar fresco pela janela aberta. O anel que tu me deste. O jardim que tu me deste.
Cinza e branco do céu, passos no andar de cima, talvez um café para espichar esta manhã.


Paris snowbox pelo Alberto Levy, o Beto-de-Milão

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No blog Langue sauce piquante ("Língua molho picante") do Le Monde online, Martine Rousseau e Olivier Houdart comentam e defendem o uso, pelo jornal, no último dia 4, do termo "Etats-Uniens" ("estadunidenses") em vez de "Américains". Os motivos são os óbvios. E terminam citando Pierre Bayle, o historiador e crítico francês do século XVII: "Notez que la naissance d’un mot est pour l’ordinaire la mort d’un autre ; c’est comme à l’égard des productions de la nature". ("Observem que o nascimento de uma palavra é normalmente a morte de outra; é como acontece na natureza.")
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Paulo, Mikael e Giulia ficaram emperrados no Galeão, tentando voltar pra Denver, mas por causa de outro caos, aéreo, marítimo, terrestre e anímico, o da burocracia local. A Polícia Federal implicou com a autorização de embarque "estadunidense" das crianças. Vão ter que arranjar uma verde e amarela. Bonne chance.