amores expressos, blog da Adriana

sábado, 7 de julho de 2007

más allá de la imagen

Persepolis, o filme de animação de Marjane Satrapi, prêmio especial do júri em Cannes, é uma maravilha. Realizado a partir das graphic novels da própria autora, iraniana nascida em Rasht, em 1969, crescida em Teerã e radicada em Paris.
Fiquei observando o público da sessão das 18:20 de sexta-feira, no UCG Danton, no Boulevard Saint Germain. Pessoas sozinhas, assim como eu. Homens, mulheres. Casais. Grupos de senhoras. Grupos de adolescentes.

Então, aconteceu. Um espírito qualquer me atropelou no meio da rua. Alguma coisa me acertou em cheio, no estômago, na retina, no coração. Preciso corrigir o autor que cito lá nos primeiros posts desta estadia, segundo o qual todas as histórias de Paris são, em algum nível, histórias de amor. Eu diria que todas as histórias de Paris são, em algum nível, histórias de amor por Paris.


*


No Espai Gastronòmic Català, na Maison de la Catalogne - fica na Cour do Commerce St. André, "uno de los pasajes más bonitos de París" - almoço com o meu amigo Daniel Mordzinski, fotógrafo argentino que mora aqui faz mais de 20 anos.
Vamos depois a St Julien le Pauvre, a igreja mais antiga (e mais bonita) de Paris. Ortodoxa. Sem a magnificência das grandes igrejas góticas.
No Quai St Michel, passa um velho parisiense de bicicleta. Pára. Comenta que a pouca luz não lhe parece apropriada para fotografia. Faz brincadeiras. Simpático. Depois vai embora, pedalando, bem perto do rio.

*

Pode parecer que Chantal Maillard, a poeta nascida na Bélgica e radicada em Málaga, não tem nada a ver com Paris. Mas tem. Abaixo, um dos poemas de "Matar a Platón".

No existe el infinito:
el infinito es la sorpresa de los límites.
Alguien constata su impotencia
y luego la prolonga más allá de la imagen, en la idea,
y nace el infinito.
El infinito es el dolor
de la razón que asalta nuestro cuerpo.
No existe el infinito, peso sí el instante:
abierto, atemporal, intenso, dilatado, sólido;
en él un gesto se hace eterno.
Un gesto es un trayecto y una encrucijada,
un estuario, un delta de cuerpos que confluyen,
más que un trayecto un punto, un estallido,
un gesto no es inicio ni término de nada,
no hay voluntad en el gesto, sino impacto;
un gesto no se hace: acontece.
Y cuando algo acontece no hay escapatoria:
toda mirada tiene lugar en el destello,
toda voz es un signo, toda palabra forma
parte del mismo texto.